20 de set. de 2008

A QUEDA DE UM IMPÉRIO

NEW YORK STOCK EXCHANGE
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Esta semana foi a mais turbulenta dos últimos 75 anos da história da Bolsa de Valores dos EUA. Assim como em 1.929, a crise dos papéis abalou o mundo - e continuará abalando nos próximos meses.

Paradoxalmente, a origem da crise é a mesma da década de 20; bancos emprestam a insolventes, trocam estes papéis podres entre sí, aumentando a rede de credores, até que se descobre, acidentalmente, que não haviam garantias suficientes para cobrir o rombo. Em seguida, o primeiro banco vai à falência, observado de longe pelas autoridades do governo; logo depois, mais uma instituição demonstra o mesmo sintoma, e outra, e mais outra.
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Desta vez, o governo americano decidiu intervir. Em 29 a opção política foi pelo afastamento da questão, deixando milhares de pessoas na miséria. Estima-se em 700 bilhões de dolares o tamanho do pacote que o governo dos EUA pretende gastar para interromper a quebra de várias das maiores intituições bancárias do país.

O que preocupa é o poder de contaminação que a crise traz ao resto do mundo. Segundo especialistas, a recessão americana já começou, e os mercados continuarão nervosos por muito tempo. Estimam em seis meses o tempo necessário para acomodação dos títulos, principalmente os públicos.
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Para os países emergentes, a catástrofe poderá ser ainda maior. A China, que pretendia alcançar crescimento de 13% este ano, já revisou a meta; pretendem atingir apenas 9%. Decréscimo de 30%. No Brasil, as consequências são imprevisíveis mas, até o momento, a economia parece robusta o suficente para enfrentar a turbulência com poucas perdas. Graças aos mais de 200 bilhões de dolares de reservas cambiais, o que possibilita a intervenção do Banco Central na economia de maneira firme e eficiente. A parte mais difícil deverá se revelar no início de 2.009, quando a recessão mundial fará a balança de pagamentos brasileira sofrer com mais intensidade.
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Entretanto, esta catástrofe certamente deixará saldo positivo na economia mundial. Explico.
Se o símbolo do capitalismo liberal, os EUA, foi incapaz de sustentar o mercado, Wall Street foi desmascarada. Os Bancos Centrais da Europa já falam em criar ferramentas de controle e prevenção aos desmandos provocados pelo livre mercado. O fato do FED (Banco Central Americano) intervir de modo efetivamente ortodoxo no mercado financeiro, obrigando o governo Bush a injetar bilhões de dolares na compra de títulos podres, mostra claramente a fragilidade do capitalismo liberal.
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Uma frase do presidente Lula, em plena queda da BOVESPA, foi duramente verdadeira: Os bancos que sempre deram palpites na economia brasileira estão quebrando! Isso demonstra o quanto o sistema financeiro internacional é liberal para os outros, e incompetente dentro de sí!
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O império norte-americano está desmoronando.
A queda começou na primeira invasão do Iraque, submergiu um pouco mais na segunda invasão e derrubada de Saddam Hussein e, agora, mostra não ter pernas para se levantar. Os países emergentes (atuais grandes mercados consumidores, Brasil, Rússia, Índia e China) sairão da crise, mais cedo ou mais tarde, fortalecidos com os erros dos EUA.
O foco econômico mundial permanecerá desconfiado de Wall Street depois de tantos erros cometidos, e os investimentos serão mais conservadores e distantes dos EUA. Assim, a força econômica americana se reduzirá ao mero mercado interno, consumidor por excelência mas, ao mesmo tempo, perigoso. Será mais atraente aplicar nos emergentes.
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Resta o poder militar americano. Este, mesmo enfraquecido diante do fracasso no Iraque e Afeganistão, ainda é temido. Antes de submergir definitivamente, estou certo que tentarão uma última demonstração de força para o mundo. Uma guerra, uma operação nuclear. Este é o perigo.
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