26 de out. de 2008

CARTA AOS MEUS AMIGOS PAULISTANOS

Estação da Luz - 1.925



Deixei São Paulo no ano de 2001, rumo à realização de um antigo sonho: ter um filho num lugar tranquilo, que me desse segurança de educá-lo sem os medos que a cidade de São Paulo me provoca.


Consegui. Minha filha Gabriela nasceu saudável e é feliz; tive momentos inesquecíveis ao lado dela, quando, ainda bebê, dava-lhe mamadeira com os pés na areia da praia, olhando as ondas do mar de Itapuã (ela tinha medo do barulho das ondas).


Lembro de bons momentos que passei em São Paulo, onde vivi por mais de 40 anos; conhecia cada rua do centro da cidade, tive centenas de amigos e alguns poucos inimigos; trabalhei com tanta coisa diferente que só uma cidade como esta é capaz de permitir. Sim, posso dizer que fui feliz em São Paulo. Hoje, entretanto, sou ainda mais.

Uma coisa, nesses anos todos que vivi em São Paulo, me incomodava: a mania do paulistano se achar superior aos demais brasileiros, acreditar que, por ser cosmopolita, tinha melhor pedigree. Bobagem! Paulistano que se preza acredita que seu estado é a locomotiva do Brasil; que sem São Paulo não existiria Brasil. Pequenez!

Hoje, reflito um pouco mais atento às asneiras que cansei de ouvir. O preconceito é grande e já não me tenho tanta paciência com gente que se acredita superior. Cansei! No mau sentido!
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Vejo o mapa eleitoral do segundo turno da votação para prefeito em São Paulo, e fico chocado.
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Não consigo entender como cidadãos de São Paulo tiveram a capacidade de eleger um prefeito como esse Gilberto Kassab! Enjoado, medíocre, desconhecido!
Já fiz tantas campanhas partidárias em São Paulo, e achava que o povo já tinha feito todas as bobagens possíveis.
Alguns nomes que passaram pela cidade, e foram eleitos, são de envergonhar qualquer um:
Adhemar de Barros, Jânio Quadros, Orestes Quércia, Luis Antonio Fleury, Paulo Maluf, Celso Pitta ... e agora, Gilberto Kassab!
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Posso entender a classe média paulistana votar no nome indicado pelo governador Serra; apoiar alguém de seu partido, de sua coligação ... mas Kassab é do PFL. Este mesmo partido que foi varrido do nordeste, não ganhou nenhuma capital nem cidade importante em 2008 ... a não ser São Paulo ! Isso é ridículo ! A atitude do paulistano é de profundo desconhecimento político !
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Me sinto envergonhado por ter nascido numa cidade que já foi o coração e as pernas do Brasil.
Hoje, São Paulo é, como bem definiu um amigo, a vanguarda do atraso. A locomotiva da época do café, enferrujou. Virou Maria Fumaça, peça de museu.
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São Paulo, hoje, representa o que há de mais arcaico em política no Brasil. A eleição desse sujeito pelo povo da minha cidade natal, mostra claramente o conservadorismo retrógrado de São Paulo.
Meus amigos paulistanos foram manipulados -- e se deixaram manipular -- por um governador sem escrúpulos, que apontou Kassab como melhor candidato visando as eleições presidenciais de 2010.
José Serra pretende ser presidente do Brasil ... piada!
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Saibam, meus amigos paulistanos, que São Paulo é motivo de piada pelo Brasil àfora.
Que as coisas que acontecem em São Paulo já não soam tão importantes como soavam no passado; o peso político da maior cidade da América do Sul está acabando, por obra de um governador que não se interessa por São Paulo, que manobra as vontades de sua população buscando mais poder.
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Saibam, meus amigos de São Paulo, que a guerra que vocês travam, diariamente, é inútil; enquanto sobreviverem esses cadáveres políticos, a cidade irá se decompor cada vez mais depressa.
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Meus amigos de São Paulo ... sinto pena de vocês.
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22 de out. de 2008

De famoso a otário.



O jornalista Arnaldo Jabor, 68, escreveu:
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(...)"Este artigo é uma adesão explícita aos dois candidatos: Gabeira e Kassab;
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Gabeira e Kassab podem ser dois "Obamas";
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Gabeira pode desconstruir uma velha mentira carioca e Kassab uma recente mentira paulista"(...)
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Jabor, um homem maduro, respeitado, apóia candidatos a prefeito no Rio e em São Paulo. Louvável sua atitude, apesar de já há muito manjada. Pena que seus patrões não tenham o mesmo peito de dizer abertamente quem apóiam.
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Arnaldo Jabor pretende ser a cara da intelectualidade brasileira. Deve acreditar no que fala, pois seu gestual é de convicção quando se refere às esquerdas, como se a intelectualidade estivesse do seu lado. Como se tudo o que diz fosse verdade. Mas verdades que poucos conhecem, só os mais intelectualizados, os mais cultos. Os mais tucanos!
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Sabe como ninguém usar as palavras no Jornal da Globo – pena que a audiência seja tão baixa no horário – com aquela cara de quem tudo sabe, que tudo vê. Bem Big Brother.
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Seu grande medo, como o de seus patrões, é que o poder fique definitivamente nas mãos das esquerdas. Certo, ele tem lá suas razões, pois valorizar as culturas populares não dá muito ibope a pessoas de seu “nível”, com sua capacidade intelectual primeiro-mundista. Pior, é que os governos de esquerda fazem surgir uma classe média ignorante, que mal sabe ler e que não consome literatura; que gosta de pagode e churrasco na laje. Talvez essa seja uma das razões para seu ódio quase intestinal contra Luis Inácio, o presidente operário que gosta de cachaça, churrasco e futebol.
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Luis Inácio é o anti-tesão de Jabor.
O PT o faz brochar do alto de sua intelectualidade.
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Sempre que vejo ou ouço Jabor me vem a lembrança a figura de Diogo Mainardi. Não que eu ache que eles tenham muita coisa em comum; Mainardi é um Pedro de Lara mau humorado, um clown dos tempos modernos, enquanto Jabor é uma espécie de funcionário de repartição pública, aquele que segue as ordens da chefia botando prá quebrar de cima de sua “otoridade” de cidadão superior aos demais.
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Ambos, Jabor e Mainardi, acreditam que são donos de uma capacidade de saber mais que os outros; se julgam seres especiais que precisam ser ouvidos e, para tanto, utilizam seus neurônios pós graduados em benefício da humanidade. Só isso explica a comparação de Gabeira/Kassab a Barack Obama!
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Aplaudo o cineasta, jornalista, ex técnico de som, comentarista, etc, por ter assumido apoio aos candidatos da direita, Gabeira e Kassab. Arnaldo Jabor odeia a democracia. Seus partidos preferidos, PSDB e DEM, odeiam a democracia; odeiam saber que um torneiro mecânico foi mais eficiente que um intelectual da Sorbonne, FHC, que com tantos títulos deveria ter sido o melhor presidente da história do Brasil. Qual o quê! Lula é o que é melhor avaliado pela população. Mas, às favas o povo que sobe na laje e ouve pagode! Somos subdesenvolvidos e Arnaldo Jabor e seus patrões sabem o que é melhor para nós, brasileiros!
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Do Eu Te Amo, de 1981, pouca coisa restou. Sua fama na telona quase não existe. Uma pena. Eu fui seu fã.
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Assim como é uma pena ele ter amarelado e se curvado ao desejo de seus patrões. De famoso, virou otário. Um mané. Deixa que o usem, e do alto de sua santa ingenuidade, acredita que fala verdades que são suas.


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19 de out. de 2008

ELOÁ CRISTINA PIMENTEL, 15.

Atestada a morte cerebral da jovem Eloá, que o Brasil conheceu através da TV, começam as discussões a respeito das responsabilidades.

O Coronel da PM de São Paulo, Eduardo Félix, foi o responsável pela operação desastrosa que levou a vida de uma criança de 15 anos. A cobertura da imprensa mostrou ao vivo o momento da invasão do apartamento onde ela - e outra adolescente, da mesma idade - permeneceu em cárcere privado por 5 dias.

Parece piada, mas o coronel disse à imprensa, depois da tragédia, que agiu como se um de seus filhos estivesse sob a mira do revólver do assassino, Lindemberg Alves, ex-namorado da vítima. Disse isso depois do desfecho, óbviamente. Eloá não era sua filha. Eloá, hoje, é apenas um número na estatística do crime na maior capital do país.
O coronel dormiu esta noite, confortavelmente, na sua cama, depois de falar com seus filhos.

Mas, lendo a respeito da operação de resgate das meninas sequestradas, surgiram algumas dúvidas que precisam ser esclarecidas.

- Na mesma semana do sequestro, houve o confronto entre as polícias civil e militar nas redondezas do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo do estado. O desgaste do governador foi imenso, pois as duas instituições estão sob seu comando;

- Na mesma semana, pesquisas de intenção de voto mostraram a candidata Marta Suplicy diminuindo a vantagem de seu opositor na campanha para prefeitura de São Paulo, Gilberto Kassab, apadrinhado pelo governador José Serra;

- As negociações no caso do cárcere privado a que Eloá estava sendo submetida se arrastaram por um período muito longo, exageradamente longo, o maior da história em crimes do gênero. Com a cobertura ao vivo de toda a imprensa, era manchete principal de todos os jornais, e o desgaste do governo era proporcional ao tempo que se arrastavam as negociações.

- O episódio do retorno da refém, que já havia sido libertada, ao cativeiro, foi classificado por especialistas como o maior erro tático da inteligência da Polícia Militar, mesmo antes do final da operação. A garota foi baleada no rosto, não corre risco de morte, mas foi levada ao cenário do crime sem necessidade. Foi exposta ao risco deliberadamente, mesmo sendo menor de idade.
( porque o coronel Félix não sugeriu ao sequestrador que um de seus filhos fosse feito refém? Com certeza, Lindemberg aceitaria ...)

Tudo me leva a crer que a invasão do apartamento foi determinada às pressas. Ninguém sabia que haviam móveis trancando a porta de entrada do apartamento, o que causou a demora da invasão, propiciando tempo ao assassino para atirar das moças.

A PM não usa tecnologia em casos como esse? Não foram usadas câmeras, sensores, microfones, nem mesmo o depoimento da refém libertada para escanear o local onde seria feita a invasão?

Se, mesmo assim, a invasão aloprada aconteceu, quais foram as razões para a tomada da decisão?

O responsável técnico, coronel Félix, tinha total poder para decidir o momento da ação, ou teve que se reportar a seu chefe imediato, o governador José Serra, pedindo autorização?
O governador sabia que a PM invadiria o local? Autorizou? Ou foi ele quem ordenou?

É muito provável que nenhuma destas dúvidas sejam esclarecidas com a decência que o episódio merece. Estas dúvidas não são apenas minhas. São de todos os brasileiros.

Governador José Serra: A morte de Eloá Cristina Pimentel, 15, está na sua conta.

Sua biografia já contém o sangue da menina assassinada.

O preço está na sua consciência.
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17 de out. de 2008

OBAMA, A MÍDIA E MARTA SUPLICY

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Na sua edição de hoje, o diário norte-americano, um dos mais influentes do país, THE WASHINGTON POST, em seu editorial, diz:

"THE NOMINATING process this year produced two unusually talented and qualified presidential candidates. There are few public figures we have respected more over the years than Sen. John McCain. Yet it is without ambivalence that we endorse Sen. Barack Obama for president. "
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Isso mesmo.
Apesar do respeito pela figura pública de John McCain, o jornal assume publicamente apoiar Barack Obama para presidente dos Estados Unidos.
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Mais ao sul da América, outra batalha eleitoral está sendo travada, desta vez, pelo controle da maior cidade abaixo dos trópicos: São Paulo.
Está em jogo a disputa pela prefeitura da capital, onde dois concorrentes, claramente antagônicos em suas posições políticas e história de vida pública, pretendem dirigir a metrópole de terceira maior arrecadação de impostos do país (perde para a União e para o Estado de São Paulo).
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O povo, dividido entre direita e esquerda, elegerá aquele que tiver maior capacidade de lidar com as adversidades de uma cidade de mais de 8 milhões de habitantes. Estão em plena campanha Marta Suplicy, do Partido dos Trabalhadores, e Gilberto Kassab, do Democratas.
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Em Washington, os editores declararam sua posição política ao eleger Obama como seu candidato preferido. Mas apenas nos editoriais, com assinatura. As matérias políticas continuam sendo tratados com a isenção necessária ao bom jornalismo.
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Em São Paulo, os dois maiores jornais, Folha de São Paulo e O Estado de São Paulo, disputam a liderança pela mentira: ambos apoiam o candidato Kassab, mas nenhum dos dois tem coragem -- ou moral -- de publicar em seus editoriais sua opção política.
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A total falta de compromisso com a verdade dos jornalistas que cobrem a seção de política dos jornais é vergonhosa; aliados à rede Globo de Televisão, pretendem que a população da capital do maior estado do país seja manipulada no que tem de mais sagrado: o direito à informação.
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Recentemente, apoiados numa peça publicitária da candidata do PT, que perguntava se o povo conhecia seu oponente, a imprensa aproveitou uma das perguntas (ele é casado? Tem filhos?) para afirmar que Marta Suplicy chamava Kassab de homossexual.
A mesma imprensa que há pouco tempo cunhou Marta Suplicy de "Marta e seus dois maridos", numa alusão a uma visita de seu ex-marido, o Sen Eduardo Suplicy. Marta, hoje, é casada com Luis Favre.
Ontem, num violento confronto entre polícias militar e civil, nas ruas de São Paulo, causado pela tentativa do comando de greve da polícia civil tentar negociar com o governador, a imprensa buscou todos os argumentos para provar que era um movimento político das esquerdas, do PT. Aliás, essas foram as palavras do governador José Serra aos jornais ao vivo.
José Serra apóia Kassab.
Um delegado em início de carreira ganha R$ 3.708,18 -o pior salário do país. A média salarial é de R$ 7.085,85, mais baixa que o piso de 11 Estados.
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Onde está a liberdade de imprensa desse país, que se esconde atrás de notícias fantasiosas e imaginárias com o único objetivo de interferir no processo eleitoral?
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A MÍDIA BRASILEIRA MENTE!
A IMPRENSA BRASILEIRA NÃO TEM CARÁTER!
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Em postagens anteriores, fiz várias críticas ao governo dos EUA. Eles tem lá seus defeitos, e não são poucos, e prejudicam centenas de milhões de pessoas inocentes mundo afora. Mas devo reconhecer que a liberdade de expressão lá, existe. Enquanto aqui, é uma peça de ficção.
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Eu apoio a candidata Marta Suplicy, do PT. Não tenho medo ou vergonha disso; pelo contrário, me sinto gratificado pelas horas gastas em campanhas que participei nas ruas, apoiando candidatos de minha preferência. Não minto para meus amigos, nem para meus inimigos.
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Se eu não puder ter orgulho de me dizer PETISTA, com todas as letras, serei, então, covarde, como boa parte da imprensa do Brasil.
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12 de out. de 2008

FORMULA 1 - RETA FINAL

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Está se aproximando o momento de sabermos quem será o campeão da temporada 2008 da Fórmula 1. Tudo leva a crer que será o britânico Lewis Hamilton, da Mc Laren.

A disputa acirrada entre ele e Felipe Massa parece ter chegado ao fim com os acidentes no GP do Japão, no último domingo. Hamilton diz que Massa bateu de propósito; as imagens mostram um acidente que poderia ter sido evitado. Ambos foram penalizados.

Por fora, Robert Kubica ainda tem chances. Remotas.

Quem está fazendo o melhor papel nessa reta final é Fernando Alonso. O melhor piloto em atividade hoje. Se ainda faltassem 4 ou 5 provas, a competição seria diferente.

A conferir nas próximas etapas. Falta China e Brasil.

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9 de out. de 2008

AS CASSANDRAS NEOLIBERIAS

PT
PT
Por Emir Sader é sociólogo e professor.



A esquerda costuma ser acusada de catastrofista. Mas agora é a direita que, sem propostas, aposta no quanto pior melhor, para ver se consegue voltar ao governo, desesperada diante dos 80% de popularidade do governo Lula.
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Primeiro apostavam na inflação, que ia tornar-se descontrolada e levaria o país à recessão pelas medidas que, no receituário deles, costumam ser tomadas. Seguiam o editorial do The Economist que esperava que o governo de Fernando Lugo fosse o último governo progressista na América Latina porque, dizem eles, chegam tempos de recessão e nisso a direita é craque. Propõem explorar temas dolorosos e que lhe são caros, como enfermeiros da recessão e dos sofrimentos para o povo: inflação e violência. Centram-se na exploração desses temas.
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Se esquece a revista não apenas que o continente é outro hoje, mas que em El Salvador Mauricio Funes, candidato da FMLN é amplamente favorito para ampliar a lista de presidentes progressistas na América Latina. E que a capacidade de resistência desses governos diante da crise é maior do que durante aqueles dos seus fracassados queridinhos – FHC, Menem, Carlos Andres Peres, Sanchez de Losada, entre tantos outros.
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FHC, apostolo do caos, aposta na crise, na recessão. Ele, que conhece bem isso. Afinal, nos seus oito anos de governo – recordar que ele comprou votos para mudar a Constituição durante seu mandato, para ter um segundo mandato -, quebrou o Brasil três vezes, teve que ir ao FMI três vezes para assinar novas Cartas-compromisso. Escondeu a crise durante a campanha eleitoral de 1998, fez tudo – ajudado amplamente pela mesma imprensa privada que agora aposta no caos – para ganhar no primeiro turno, porque o país estava de novo quebrado e Pedro Malan negociava novo acordo de capitulação com o FMI.
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Não deu outra, veio a crise, os juros foram elevados para 49% (sic) e a economia entrou na prolongada recessão que acompanhou todo o governo FHC e fez com que os tucanos fossem amplamente derrotados em 2002 e FHC seja o político com pior desempenho na opinião do povo brasileiro. E foi uma crise provocada e sofrida aqui, não como conseqüência de uma crise internacional.
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Agora a direita aposta na crise, que é a crise da sua doutrina, das suas pregações sobre as virtudes do mercado. Fariseus, tentam esconder que são discursos como os seus que levaram à farra especulativa dos EUA – meca do neoliberalismo – e cujos efeitos o governo tem que enfrentar. Governassem os tucanos, imaginem o que seria a economia do Brasil se Alckmin tivesse ganho - como queria a imprensa privada -, com o grau de fragilidade que teríamos, com a continuidade da abertura econômica que os tucanos pregam.
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Lula precisaria fracassar, porque se o douto, o sábio, o ilustrado, o queridinho dos grandes empresários e da imprensa privada, FHC, fracassou – na política econômica, na política social, na política educacional, na política cultural, na política externa -, fracassou, como um torneiro mecânico, nordestino, que perdeu um dedo nas máquinas, do PT, pode triunfar.
É o fracasso das teorias que pregam que as elites sabem mais, podem mais, fazem melhor as coisas. A mesma teoria que fracassa na Bolívia, onde o índio Evo Morales dá certo, onde o gringo Sanchez de Losada fracassou. Na Venezuela, onde o mulato Hugo Chavez dá certo, quando a elite branca de Carlos Andres Peres, de Rafael Caldera, fracassaram.
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As economias dos países que participam dos processos de integração regional, porque privilegiam os intercâmbios entre seus países, porque diversificaram seus mercados internacionais – com o da China ocupando lugar de destaque -, porque desenvolvem os mercados internos de consumo popular, dependendo menos das exportações, porque vão dispondo cada vez mais de recursos próprios de financiamento – que o Banco do Sul vai incrementar -, sofrem menos as conseqüências da maior crise do capitalismo desde 1929. Recordar que como efeito desta, caíram 16 governos latino-americanos. Agora, nenhum deve cair e sofrem mais os que mais se atrelaram à economia estadunidense e mais seguiram aferrados ao neoliberalismo – de que o México é o caso mais grave.
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FHC, e todas suas viúvas na imprensa privada, podem chorar, podem pedir pelo pior, podem esperar sentados o fracasso dos novos governos latino-americanos. Seu tempo já passou, o funeral de Wall Street é o seu funeral, o da apologia dos mercados, do Estado mínimo, do reino da especulação. Que descansem em paz, que o povo brasileiro tem mais o que fazer, tem que se ocupar do seu destino, essas cassandras neoliberais que ele derrotou e segue derrotando.
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6 de out. de 2008

ELEIÇÕES MUNICIPAIS

Foi dada a largada para a campanha eleitoral de 2.010.
Neste domingo, quando o eleitor digitou seu voto na urna, estava começando a traçar o futuro do país e eleger o próximo Presidente da República.
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Sim. Foi desta forma que a imprensa colocou estas eleições municipais, como uma prévia da eleição para Presidente, ainda que faltem dois anos.
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Também, a grande mídia fez questão de repetir, incansavelmente, que o apoio do presidente Lula não influenciou os eleitores; a questão municipal, segundo eles, é a prova que o Partido dos Trabalhadores não irá eleger o sucessor de Lula.
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Mentira! Mais uma vez a mídia tenta fazer o eleitor de bobo.
É evidente que Lula influenciou - e muito - o voto municipal, a ponto de o PT ser o partido que mais cresceu em número de votos e prefeituras. Em cidades com mais de 200 mil habitantes cresceu ainda mais, demonstrando a forte conotação política do voto municipal que antes era apenas pessoal.
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Em algumas capitais importantes (PortoAlegre e Salvador), a disputa do segundo turno se dará entre candidatos da base aliada do governo, o que impedirá o Presidente Lula de apoiar este ou aquele candidato. Em outras (São Paulo), a rivalidade está muito bem definida entre governo e oposição, o que permite Lula subir no palanque de seu candidato.
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Por falar em São Paulo, a ida ao segundo turno do candidato do DEM Gilberto Kassab mostra claramente a influência de Lula: enquanto Marta Suplicy (PT) estava isolada nas pesquisas em primeiro lugar, os candidatos Kassab e Alckmin (PSDB) se digladiavam para assumir a postura de oposição, a ponto do governador José Serra (PSDB) apoiar Kassab contra seu próprio partido. Se Lula não tivesse influência, como quer a imprensa comprometida, Marta não iria ao segundo turno e deixaria a maior capital do país nas mãos da oposição.
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Aliás, o DEM, que estava aparentemente morto em São Paulo, renasceu pelos braços tucanos do atual governador! Pena que o paulistano não saiba quem é o verdadeiro Gilberto Kassab, o que foi secretário de Celso Pitta, o espectro de Maluf e do malufismo, aquele que destruiu as contas públicas de São Paulo quando foi prefeito.
Kassab é o verdadeiro filhote da ditadura. Autoritário, seu estilo de fazer política é usar a mentira como base para mascarar suas verdades. Colaboram com ele os jornais de grande circulação e a Globo, expoentes da direita liberal brasileira.
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Em 2.010 uma nova campanha começará. O eleitor terá o direito de escolher seu voto livremente, de acordo a sua consciência. E a imprensa golpista poderá impedí-lo de usufruir de seu maior patrimônio em termos de cidadania: a escolha!

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